Nutrição e cirurgia bariátrica: aliadas no combate à obesidade

Nutrição e cirurgia bariátrica

A Nutrição e cirurgia bariátrica são grandes aliadas no combate à obesidade e na busca por uma vida mais saudável

Quem nunca acompanhou de perto um processo de cirurgia bariátrica pode até pensar que ela é um evento milagroso que “cura” a obesidade. Mas esta ideia está equivocada: a cirurgia é apenas um dos passos de um longo processo que conta com profissionais de diversas áreas e, principalmente, com a mudança de hábitos.

Neste percurso, o acompanhamento nutricional é determinante, tanto antes da cirurgia quanto depois. As mudanças na alimentação começam cedo, no preparo do paciente, e buscam incluir novos hábitos e entender as restrições transitórias que podem ocorrer – como, por exemplo, alimentos que são contraindicados antes da bariátrica, como aqueles com excesso de açúcar, gordura e sal, para melhorar as comorbidades associadas ao excesso de peso, como diabetes, pressão alta, dislipidemia (colesterol elevado) e gordura no fígado.

A importância da nutrição continua após a cirurgia, quando há uma dieta específica em um primeiro momento e, posteriormente, na reeducação alimentar e adoção de novos hábitos. “O papel da nutrição vai além de prescrever dietas em um processo de cirurgia bariátrica. Buscamos auxiliar o paciente para que ele perca peso corretamente, de forma saudável, e que a mudança seja para o resto da vida”. explica Jéssica Polet, nutricionista do Centro de Tratamento da Obesidade da Santa Casa. 

Vale destacar que a cirurgia é uma ferramenta contra a obesidade, mas não é a cura. A maior parte dos casos de reganho de peso está ligada ao retorno de hábitos ruins, motivo pelo qual o primeiro ano após a cirurgia é decisivo. É neste período que os hábitos são adotados e que o paciente percebe a melhora na qualidade de vida e no bem-estar ao praticar atividade física, além de ter o contato com a equipe de saúde mais de perto.

A cirurgia bariátrica é uma decisão do paciente, mas ele pode e deve contar com aconselhamento de diversos especialistas, como endocrinologistas, psicólogos e, é claro, nutricionistas. 

Entenda mais sobre o papel do profissional de nutrição na cirurgia bariátrica, que é essencial antes, durante e depois da cirurgia.

Pré-operatório

Antes da cirurgia, alguns pacientes passam por uma dieta para perda de peso e gordura intra-hepática e visceral, o que facilita a técnica cirúrgica e reduz o risco de complicações no pós-operatório. Além disso, devem ser verificados os níveis de vitaminas e deficiências nutricionais para corrigir, se necessário. A mudança de hábitos alimentares também já pode começar a ser introduzida para que o choque seja menor depois do processo cirúrgico. Alguns alimentos serão contraindicados por causarem irritação na mucosa gástrica.

Pós-operatório

Nesta fase, o planejamento alimentar é rigoroso e deve ser seguido à risca para garantir bons resultados não só de perda de peso, mas de recuperação da cirurgia e da correta cicatrização do estômago.

A suplementação alimentar e vitamínica é essencial, já que a comida será limitada e o pós-cirúrgico sempre exige cuidados especiais. O nutricionista poderá indicar o que suplementar e planejar a alimentação de acordo com as fases iniciais da dieta:

  • Fase 1 – dieta líquida: os primeiros dez a quinze dias serão restritos a alimentos líquidos, tais como caldos, sucos e chás que vão aumentando a consistência no decorrer do primeiro mês.

  • Fase 2 – dieta pastosa: na segunda quinzena, normalmente são introduzidos alimentos na forma de purê, creme e papa. Espera-se que nos 30 dias iniciais já seja eliminado cerca de 10% do peso inicial.

  • Fase 3 – dieta branda: nesta fase, alimentos cozidos são introduzidos, porém em pequenas quantidades e, por isso, o nutricionista deve indicar quais são os mais importantes e o que deve ser suplementado. Vai depender de paciente para paciente, mas devem ser selecionados alimentos que evitem desconforto digestivo, como náuseas, gases e vômitos. O tempo também pode variar, mas em geral a fase dura de duas a quatro semanas.

  • Fase 4 – dieta geral: na fase final do pós-operatório, o foco é introduzir todos os grupos alimentares e adaptar as quantidades, pois esta será a base da reeducação alimentar do paciente. Importante destacar que ainda serão evitados alguns alimentos para promover a adequada perda de peso.

Durante estas etapas, é essencial contar com atendimento multidisciplinar. O acompanhamento psicológico vai ser tão importante quanto o nutricional, para entender padrões, trabalhar a fome emocional, compulsão e motivação para seguir o tratamento. 

Nutrição e cirurgia bariátrica: recomendações

Cada pessoa submetida à cirurgia bariátrica deve ter acompanhamento personalizado com um nutricionista, que irá olhar atentamente para as necessidades e desafios de cada caso. Mas algumas recomendações são gerais, como:

  • Mastigação: ao iniciar a ingestão de alimentos sólidos, deve ser trabalhada a mastigação exaustiva, ou seja, mastigar cada garfada até que o alimento seja totalmente triturado. Esse processo facilita a digestão e absorção de nutrientes, além de evitar dor, vômitos e desconfortos gástricos.

  • Restrição de líquidos: os líquidos são parte importante ao longo de todo o processo. Nos primeiros dias, durante a dieta líquida, não devem ser consumidos caldos gordurosos (como leite integral ou caldos com gordura) nem açúcar (em gelatinas, por exemplo). Já na fase de alimentos sólidos, não se deve consumir líquidos durante as refeições, nem mesmo água. Eles devem ser consumidos depois de 30 minutos, em média, evitando desconfortos.

  • Síndrome de dumping: como a cirurgia bariátrica altera o sistema digestivo, é preciso ter cuidado para não desenvolver dumping, síndrome que faz com que o alimento passe mais rápido para o intestino, sem ficar muito tempo no estômago, o que pode causar sintomas desagradáveis como palpitações, suor frio, dor abdominal, diarreia, náusea, confusão mental, fraqueza e até mesmo síncope. Quando isso acontece, os sintomas logo aparecem e o nutricionista poderá orientar o tratamento correto.

  • Cafeína: os alimentos ricos em cafeína – café, refrigerantes, chocolates, chimarrão – podem ser restritos por um tempo ou proibidos, dependendo do caso. A cafeína possui propriedade estimulante do suco gástrico, podendo causar desconforto, azia, refluxo e mal-estar.


O que vem depois da cirurgia bariátrica?

A bariátrica é só o começo de um longo, mas recompensador, caminho. Sim, são muitas as restrições e é preciso estar consciente do nível de disciplina exigido em cada etapa, mas a cirurgia é um avanço no tratamento da obesidade e está disponível para casos em que há recomendação de especialistas e comprometimento do paciente.  

A cirurgia bariátrica é o pontapé inicial para uma mudança radical no estilo de vida, que deverá incluir alimentação saudável e exercícios físicos – estes podem ser iniciados cerca de 30 dias depois da cirurgia. A manutenção de peso será o grande desafio, mas contando com profissionais especializados e determinação é possível ter os melhores resultados com saúde. 


Sobre o Centro de Tratamento da Obesidade

O Centro de Tratamento de Obesidade da Santa Casa conta com uma equipe multidisciplinar altamente qualificada que realiza tratamentos em pessoas com obesidade moderada ou severa, oferecendo um olhar mais aproximado e cuidados especiais, que vão desde as etapas de pré e pós-cirurgia à atenção psicológica. Para saber mais, clique aqui ou entre em contato pelo telefone (51)3214-8000.

Fonte:
Jéssica Pinto Polet
Nutricionista do Centro de Tratamento da Obesidade



Os conteúdos deste site têm caráter informativo e não substituem a consulta com um médico.

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